Internet das coisas, blockchain, realidade virtual e segurança triple A. São algumas das tendências que ditarão os rumos da TI nas empresas.
Já estamos em 2017 e muitos tomadores de decisão querem saber quais serão as tecnologias que nortearão o mercado neste ano. O rápido avanço da tecnologia tem permitido o surgimento de novos modelos de negócios, que exigem uma nova visão das empresas. Por isso, é importante que olhem para as transformações em curso para se preparar para elas, seja no curto, no médio ou no longo prazo.
Com o intuito de enriquecer a visão do mercado com informações sobre o cenário tecnológico, a Network World listou, com base em vários estudos, as cinco tendências para o ano. Confira abaixo alguns dos principais insights da análise.
Internet das Coisas de verdade:
Sim, nós sabemos — é uma daquelas piadas sobre a indústria de tecnologia de longa data, como “o ano do desktop Linux” e “segurança do Java”. Mas este realmente poderá ser o ano em que a Internet das Coisas se consolidará.
O conceito básico de dispositivos conectados — em geral, as coisas que historicamente não foram conectadas à internet — não é novidade. O uso de tecnologias que agora estão sendo incorporadas a carros, casas e nas empresas são potencialmente inovadoras em muitos sentidos, possibilitando os carros autônomos, casas inteligências, sensores de chão de fábrica, etc.
O principal problema para esses dispositivos de popularizarem é a segurança, como tem sido desde que surgimento do conceito de Internet das Coisas. Não existem muitos padrões geralmente aceitos para dispositivos — embora não faltem propostas — e os fornecedores de tecnologia parecem não ver nenhum problema coma a segurança dos dispositivos conectados, como ocorre de certa maneira com os laptops e smartphones.
Isso tem grandes implicações para a segurança. Apesar de mesmo um dispositivo muito hackeado não representar uma grande ameaça por si só, ele pode ser a porta de entrada de um botnet como o Mirai, que em dezembro passado infectou mais de 900 mil roteadores da operadora Deutsche Telekom, na Alemanha. É exatamente o que os hackers têm feito ultimamente: explorar DVRs, câmeras e outros dispositivos e transformá-los em um exército de zumbis capaz de limitar o acesso à internet atacando o provedor de serviços.
É um grande desafio, de acordo com o analista e colaborador da Network World, Zeus Kerravala. “[Segurança de IoT] requer controles de acesso reforçados, incluindo controle da aplicação em tempo real e métodos de autenticação segura, tais como PPSK, aplicação de políticas granulares de dispositivo de borda da rede, relatórios centralizados e monitoração de ferramentas,” disse ele.
A Forrester Research prevê que mais da metade dos cerca de 1 milhão de dispositivos de IoT serão comprometidos neste ano, daí o fato de ressaltar a extrema importância da segurança. “De uma maneira ou outra, isso irá agitar a computação em 2017, devido a uma série de novas tecnologias, e teremos ainda mais devastadores ataques cibernéticos”, diz o relatório.
Realidade virtual e realidade aumentada irão decolar:
Quando o iPad foi lançado em 2010, raramente você veria eles sendo usados para o negócio. Agora, iPads e tablets estão por toda parte. Sua utilização se popularizou. A mesma coisa deve acontecer com a realidade virtual (VR) e a realidade aumentada (RA) — tendo como veículos smartphones e tablets. De acordo com a IDC, 25% das empresas no mundo irão testar aplicativos de negócios baseados em realidade aumentada para uso em smartphones até o fim deste ano.
“Pode parecer uma projeção relativamente inflada, mas as conversas que estou tendo com a indústria e algumas pesquisas que fizemos com tomadores de decisão mostram que existe um interesse muito grande em torno da realidade aumentada”, diz Tom Mainelli, vice-presidente do programa de dispositivos & VR/RA da IDC.
O ponto central são hardwares de RA, tais como o HoloLens, da Microsoft, segundo ele. “Mas muitas empresas vão começar a criar aplicativos e processos de back-end para dispositivos que os consumidores e as empresas já possuem. “
“O Pokémon Go nos deu uma amostra do que é capaz a realidade aumentada, e já temos varejistas usando a tecnologia. A rede americana de farmácias Walgreens e Toys R Us usam um aplicativo chamado Aisle411 que orienta os clientes sobre os produtos vendidos nas lojas. A North Face oferece vídeos 360º com os Oculus Rift, em que os atores usam roupas da marca. A Audi tem uma experiência virtual que permite que você faça um test drive virtual e consulte recursos e opções em seus carros. A Ashley Furniture em breve oferecerá um app RA que ajuda os compradores a simular o mobiliário para os espaços existentes na casa”, exemplifica Mainelli.
Segundo ele, como a tecnologia dos smartphones está se aperfeiçoando, vamos ver muito mais experiências de RA. O primeiro produto que está trabalhando em direção a isso, de acordo com Mainelli, é o Lenovo Phab 2 Pro, que é baseado na tecnologia Tango, do Google. Ele usa três câmeras e sensores múltiplos para “visualizar” e capturar uma ampla gama de medições para criar uma experiência aprimorada de RA.
Outras previsões da IDC:
- . Neste ano, os gastos da indústria de varejo com hardware, software e serviços de RA/VR vão aumentar 145%, para a mais que US $ 1 bilhão.
- Três das dez maiores companhias da lista Fortune 5000 voltadas para o consumidor farão experimentos neste ano com realidade aumentada como parte de seus esforços de marketing.
- . Em 2019, 10% de todas as reuniões via web incluirão um componente de RA, o que fará com que o mercado de conferência via web movimente cerca de US$ 3 bilhões.
“Eu realmente acredito que realidade aumentada vai ter o mesmo tipo de impacto sobre as empresas, como o PC teve,” diz Mainelli. “E uma vez que os desenvolvedores começarem a descobrir o que podem fazer com essa tecnologia, o negócio vai mudar muito drasticamente. …Eventualmente, vamos acabar em um lugar em que a realidade aumentada realmente seja a nova interface de dispositivos, conteúdo digital, objetos físicos e dados.”
Tripla proteção cibernética:
Este ano poderá ser o do “admirável mundo novo” da segurança cibernética, mas também o mais assustador para profissionais de IT. Basta dar uma olhada em algumas avaliações recentes do Gartner sobre a situação da segurança:
- Até 2020, 60% das empresas digitas sofrerão falhas em seus principais serviços, devido à incapacidade das equipes de segurança de gerenciar o risco digital.
- Até 2020, 60% dos orçamentos das empresas para segurança da informação serão alocados para a detecção rápida e abordagens de resposta a ameaças, o que representa um aumento de menos de 30% em relação a 2016.
- Até 2018, 25% do tráfego de dados corporativos fluirão diretamente a partir de dispositivos móveis para a nuvem, ignorando os controles de segurança da empresa.
- . Em 2018, mais 50% dos fabricantes de dispositivos móveis não serão capazes de conter as ameaças devido a autenticação fraca.
Então, quais tecnologias vão mudar este cenário? O novo mote da segurança é a sigla AAA (ou triple A) — automação, analytics e inteligência artificial… Isso significa que, com a incorporação de recursos de IA e aprendizagem de máquina, as novas plataformas de segurança irão expandir a capacidade de detectar ameaças, não só no tráfego da rede, mas também no comportamento de máquinas individuais e combinações de máquinas específicas, sem intervenção humana. Isso reduzirá o tempo para neutralizar a ameaça e reduz a janela pela qual os hackers podem causar danos.
Como essas plataformas se tornarão mais sofisticados e confiáveis em neste ano, elas serão capazes de detectar ataques em fases anteriores e detê-los antes que se tornem ameaças ativas.
Os players da indústria estão todos envolvidos em fazer isso acontecer. A Cisco, por exemplo, desenvolveu a plataforma Tetration Analytics; IBM incluiu recursos de segurança cibernética em seu sistema de computação cognitiva Watson; enquanto o Google montou o laboratório DeepMind para desenvolver soluções nessa área, apenas para citar alguns.
O Tetration Analytics da Cisco é um pacote de software turnkey que reúne as informações dos sensores de hardware e analisa as informações usando a análise de grande volume de dados e aprendizado de máquina. O sistema define uma linha base para operação normal da rede e o comportamento dos aplicativos, e rapidamente identifica, em tempo real, qualquer desvio nos padrões de comunicação. Ele também utiliza o mecanismo de busca forense para fazer outras análises de segurança e do comportamento do usuário. A Cisco promete que muitas novas aplicações relacionadas à segurança serão incorporadas ao sistema.
O mesmo acorre com o Watson da IBM, que está incorporando recursos de segurança cibernética. O sistema funcionará em redes corporativas para analisar o tráfego em busca de malware. Ele também utilizará a tecnologia de IA e aprendizagem de máquina para, através de suas próprias experiências, produzir white papers com informações sobre inteligência contra ameaças e notícias sobre cibercrime. Ao longo do tempo, o Watson irá desenvolver novas estratégias para encontrar os ataques na medida em que acontecem. O projeto do Watson para segurança cibernética está em beta e a sua disponibilidade como um serviço de segurança cibernética deve ocorrer ainda neste ano.
Blockchain em alta:
Não há nenhum hype sobre o potencial do blockchain de revolucionar as transações neste ano. Algumas empresas vão usar blockchain em campanhas publicitárias e testar a sua capacidade de reduzir os custos das transações, bem como simplificar as interações e acelerar os processos de negócios.
O blockchain é a estrutura de dados que representa o registro de uma transação, que é digitalmente assinada com o objetivo de garantir sua autenticidade e que ninguém a adultere, de forma que o registro e as transações existentes sejam considerados de alta integridade, sem a necessidade de um intermediário. No mundo financeiro, o blockchain deve provocar uma autêntica revolução ao permitir que bancos transfiram altos valores entre si diretamente, realizem operações de pagamentos, processem transações de valores mobiliários e criem relatórios de conformidade, para citar apenas alguns casos de uso.
Fora das finanças, observadores da indústria citam oportunidades para o blockchain desempenhar um papel em transações de negócios envolvendo a cadeia de suprimentos e fabricação bem como na área jurídica e de saúde. Quando há uma auditoria para o controle sobre a proveniência de produtos acabados, por exemplo, ou para documentar um título imobiliário, as redes de blockchain podem ser usadas para criar registros verificáveis, à prova de adulteração, em um formato criptografado, e sem a necessidade de uma autoridade central.
Os fornecedores continuam a desenvolver aplicativos e plataformas baseadas em blockchain, e grandes empresas continuam a investir dinheiro na tecnologia. Segundo um relatório do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) mais de US$ 1,4 bilhão foram investidos na tecnologia blockchain nos últimos três anos. Além disso, Mais de 90 empresas se uniram em consórcios para o desenvolvimento do blockchain, e mais de 2,5 mil patentes foram arquivadas. O WEF prevê que, neste ano, 80% dos bancos iniciarão projetos que envolvem a tecnologia.
“O desafio para os usuários de blockchain e CIOs é definir as expectativas adequadas entre os líderes de negócios”, diz o Gartner em seu relatório de previsões estratégicas para 2017. “Fazer um plano para uma distribuição razoável, desenvolver uma prova de conceito (POC) de casos de uso e ter uma perspectiva de negócio é o melhor caminho para o sucesso.”
Aprendizado de máquina: A promessa de prever o futuro
Historicamente, o desafio para as organizações que desejam usar tecnologias de inteligência artificial e aprendizagem de máquina tem sido a necessidade de contratação de cientistas de dados, que passaram suas vidas estudando como “triturar” dados em algoritmos de inteligência artificial.
Nos últimos anos, graças a proliferação de plataformas de computação em nuvem pública, isso está mudando. Empresas como a Amazon Web Services, Google, Microsoft e IBM oferecem plataformas de aprendizagem baseadas em nuvem. “Isso realmente baixou a barreira bastante,” diz Sam Charrington, analista do mercado de aprendizado de máquina, acrescentando que a tecnologia está sendo democratizada para os desenvolvedores usar em seus aplicativos.
Em seu nível mais básico, aprendizado de máquina é o processo de utilização de dados para fazer previsões de comportamento futuro. Mais comumente tem sido usado na proteção a fraude (computadores de treinamento para detectar comportamento anômalo) e rotatividade em programas de ensino para prever receitas futuras e clientes. A IBM tem treinado a sua plataforma Watson para criar sofisticados chatbots para interação com o cliente e para ajudar os profissionais de saúde fornecer melhores cuidados aos pacientes.
Porém, um estudo recente da consultoria Deloitte revela que apenas 8% das empresas usam tecnologia de aprendizagem de máquina hoje. Institutos de pesquisa de mercado preveem que a indústria do setor deve expandir a uma taxa de crescimento anual composto (CAGR) 33% e atingir US$ 13,7 bilhões até 2020.
“A prática de empregar algoritmos para analisar dados, aprender com eles e então fazer uma determinação está crescendo”, relata Krishna Roy, pesquisadora da 451 Researcher. “A adoção por usuários de dispositivos móveis de assistentes pessoais como o Echo, da Amazon, e Siri, da Apple, tem semeado este mercado, mas adoção no ambiente corporativo tem sido muito lenta pela falta de educação do mercado e a dificuldade de integração desses sistemas a plataformas já existentes nas empresas.”
Fonte:Computerworld